Educação a distância em debate.
Olá, leitor!
Compartilho aqui, com vocês, o minhas reflexões a respeito da EaD e os problemas educacionais do Brasil:
Sim, considero que a EaD pode ajudar a resolver os graves problemas educacionais do Brasil, mas, faço algumas ressalvas. Digo que sim por que há diversas regiões no país onde não há escolas nem universidades públicas, o que impede que grande parte da população tenha acesso ao ensino formal. Nesses casos, a EaD vem em resposta às distâncias geográficas existentes, permitindo o acesso (a inclusão social) à esse público. Em se tratando do ensino superior, percebo que, com o acesso cada vez mais facilitado às novas tecnologias, mesmo as classes sociais menos favorecidas tem conseguido ter assegurado o acesso à educação quando há o interesse e o estabelecimento de parcerias entre os municípios e as universidades públicas estaduais. Para Zuin (2006), essa modalidade de ensino vem tornar possível o acesso à educação em diversas regiões do Brasil, respondendo à necessidade de expansão da educação em suas diferentes modalidades (principalmente a educação básica, a EJA e a educação superior).
De acordo com Pontes (2009), a EaD também vem atender a um modo diferenciado de aprendizagem, permitindo que os indivíduos construam conhecimento através de plataformas de aprendizagem. Isso implica na criação de contextos favoráveis à formação acadêmica, ainda que em um tempo assíncrono. Para o autor:
“As reformas hoje necessárias para melhorar os sistemas educacionais precisam ir além das que ocorreram em tempos recentes. A apropriação das novas linguagens tecnológicas no processo educativo vem desestabilizar (ou desestruturar) o modelo escolar essencialmente presencial, requalificando-o diante das novas possibilidades de acesso à formação” (p. 01).
Avaliando aquilo que propõe Pontes, Ramos e Melo (2008) explicam que os saberes construídos por meio das plataformas de aprendizagem carregam, em si, valores, ideologias e ideias, as quais, inevitavelmente, vão interferir no modo como a construção do conhecimento vai acontecer. Por esta razão, os aspectos regionais, culturais e sociais precisarão ser considerados quando um curso for planejado, visto que eles influenciam na dinâmica das relações e no modo como as pessoas vão apreender as informações. Essa é a razão pela qual digo que é preciso considerar as ressalvas, pois, apesar de a EaD ser promotora de mudanças e criar chances para a minimização das desigualdades sociais por meio do acesso às oportunidades de formação inicial e continuada, deve-se considerar que o público atendido é diferenciado e, portanto, precisa ser tratado a partir dessas particularidades.
A meu ver, a EaD tem condições de ajudar a resolver problemas relacionados à dificuldade de acesso à educação básica, à educação superior e à educação continuada, mas, não sei se é possível afirmar que ela possa ajudar a resolver problemas como o baixo investimento destinado à educação, por exemplo. Além disso, evidencio o fato de que, enquanto as universidades públicas que ofertam a EaD não assumirem os cursos como parte de sua estrutura, as práticas discriminatórias relacionadas à EaD continuarão existindo e o investimento nessa modalidade de ensino continuará sendo baixo. Para Ramos e Medeiros (2009), para que a EaD ajude a resolver os problemas relacionados à educação é necessário que os projetos dos cursos sejam apoiados na possibilidade de transformação social; e que, acima de tudo, os atores envolvidos considerem que ela é capaz de contribuir para a construção de posturas crítico-reflexivas da realidade que cerca os indivíduos envolvidos, de modo a ajuda-los a pensar em alternativas que superem relações sociais opressoras.
E você, o que acha disso???
Abraços,
Fernanda.
Referências:
RAMOS, W. M. MEDEIROS, L. A Universidade Aberta do Brasil (UAB): desafios da construção do ensino e aprendizagem em ambientes virtuais. In: SOUZA, A. M. S. at al (Org). Educação Superior a Distância: Comunidade de Trabalho e Aprendizagem em Rede (CTAR). Brasília: Universidade de Brasília, Faculdade de Educação, 2009.
RAMOS, W. M. e MELO, L. V. S. Os desafios postos ao programa Universidade Aberta do Brasil na democratização do acesso à educação superior pública. Anais do Congresso de Educação a distância na América Latina. Rio de Janeiro: CREAD, 2008.
PONTES, E. B. A Comunidade de Trabalho e Aprendizagem em Rede (CTAR) na Faculdade de Educação da UnB. In: SOUZA, A. M. S. at al (Org.). Educação Superior a Distância: Comunidade de Trabalho e Aprendizagem em Rede (CTAR). Brasília: Universidade de Brasília, Faculdade de Educação, 2009.
ZUIN, A. A. S. Educação a Distância ou Educação Distante? O Programa Universidade Aberta do Brasil, o tutor e o professor virtual. In: Educação e Sociedade. Campinas, v. 27, n° 96, out. 2006.